terça-feira, 7 de novembro de 2017

Um conto? Uma resenha? Ou uma autocrítica: o que uma leitura despretensiosa pode suscitar em mim.

Olá, amigo (a) internauta!

Como eu já comentei em outras postagens em 2015 criei a minha jornada literária anual. Contudo, mantenho outras leituras paralelas, pois necessito delas para subsidiar os demais projetos meus. 

Num dia qualquer do mês passado dei mais uma das minhas costumeiras passadas pelas estantes da biblioteca do pública do meu bairro. De súbito, topei com a seguinte obra: Acordais: fundamentos teóricos-poético da arte de contar histórias de Regina Machado, Editora DCL, 2004. 

Além do título chamativo e intrigante recordei-me que, coincidentemente, também tenho recebido a alcunha de contador de histórias de amigos e conhecidos nos últimos tempos. Decidi emprestar esta obra sem vacilar.

Outra expectativa era a de extrair deste livro não só algo de bom para o desenvolvimento da minha escrita, mas também se havia alguma mensagem divina contida nele. Tal qual uma internet "divina" ele poderia ser mais um daqueles livros enviados pelas mãos do imponderável para mim.

O livro é simplesmente impressionante e ainda estou impactado com uma das histórias contidas nele. Aliás, durante um bate-papo com uma das bibliotecárias da biblioteca onde emprestei a obra, me relembrei de um evento real, cujo enredo quase se confunde com o que havia lido.

Dessa forma, decidir escrever sobre esta coincidência e não sei o que surgirá aqui. Parece-me que ambas as histórias possuem pontos parecidos, porém com morais distintas. A do livro poderia ser vista pela ótica da sustentabilidade enquanto a da realidade um reflexo da sociedade de consumo que não respeita mais a Natureza.

Uma das histórias narradas neste livro é a do marceneiro chinês. Seu trabalho era admirável e o seu rei foi procurá-lo para desvendar  a magia empregada na confecção de suas peças extraordinárias.

Contudo, o marceneiro explicou ao monarca que seu trabalho consistia apenas empregar todos os conhecimentos que ele aprendera com os seus mestres. 

Primeiramente, antes de sair com o seu machado afiado em direção à floresta, ele meditava. Dessa forma, ele reunia as suas forças interiores.   

Quando finalmente o marceneiro topava com a árvore certa, antes de tombá-la ele pronunciava para ela as seguintes palavras: o que eu tenho para você e o que você tem para mim?

Quanto à minha história ela não aconteceu  diretamente comigo e sim com um parente de uma família  de amigos e ex-vizinhos que conheço desde a minha infância.  

Certa vez, os meus ex-vizinhos acima citados me convidaram para comemoração qualquer. Tudo corria bem e o clima estava animadíssimo. Mas a aparição de uns parentes dos anfitriões espantou o clima festivo.

O que me incomodou não foi a transformação física das crianças ou o casal estar com a cabeleira mais branca. Ou o aumento da família por meio dos respectivos namorados ou namoradas. E sim o pai ter virado um cadeirante e bem magro.

Depois de cumprimentá-los de forma protocolar e tentando esconder o meu constrangimento com a chegada deles. Na primeira oportunidade que tive procurei discretamente uma das minhas ex-vizinhas que tenho mais afinidade em busca de informações. 

De acordo com a minha amiga aqueles primos dela haviam mudado para outra cidade, pois o cadeirante havia sido contratado como lenhador por uma empresa de reflorestamento pertencente a uma empresa de papel e celulose.

Num dia qualquer de trabalho o primo da minha amiga e a sua equipe haviam tombado mais uma árvore como de costume. Missão cumprida, todos se preparavam para se dirigir para outro ponto do horto. 

Creio que só uma imagem poética poderá ajudá-lo a imaginar a próxima cena. Só que ninguém havia visto que com a derrubada havia formado uma lasca dela tensionada como um arco.

De súbito,aquilo partiu e voou tal qual uma flecha em direção ao grupo. E não é que ela  acabou acertando em cheio a coluna vertebral do primo da minha interlocutora! A ponto de deixá-lo de cadeira de rodas.

Desde então, esta história tem circulado na minha mente. Até hoje desconfio que aquilo havia sido um revide da Natureza. Como se árvore dissesse: "homens cruéis, vocês me tombaram, mas "a minha vingança será maligna". 

Mas, no presente diante de tudo que aprendi sobre autoconhecimento, entendo que terei que direcionar a busca de respostas para dentro de mim. Já que os sentimentos sempre partem de mim e não do externo. 

Hoje cogito que minha perplexidade parece ser oposta a do rei curioso da narração. Digo isto, pois o soberano foi procurar o marceneiro, pois estava imbuído de admiração pelo excelente trabalho executado pelo seu súdito.

No meu caso a minha abordagem parece estar motivado pelo medo. Também suspeito que o sentido tem conotação oposta ao do livro:  descobrir quem fez aquela magia que desencadeou aquela tragédia?

Dito de outra forma, talvez naquela época eu ainda estivesse sob a influência do arquétipo do lenhador vingativo. Um mestre, porém dotado de grandes energias negativas e insanas.

Seria talvez um recado indireto do imponderável para mim? Ou seja, tenho que me cuidar, pois corro o risco de também não sair impune? Há alguém mais esperto do que eu? Talvez estas questões surgiram na minha mente abalada.

Ou seja, agora vejo que existe a lógica do lenhador chinês e do outro que não tem mais a presença tanto antes quanto depois do produto final. 

O processo de escrita também me traz outra questão: será que a história contida naquele livro tenha me revelado o arquétipo correto que é o chamarei de lenhador extraordinário? Talvez possa ser tudo balela o que acabo de escrever aqui.

Sei que esta postagem começou por um caminho e que no meio dele acabou desviando para outro. Mas, sinto que consegui de alguma forma colocar um pouco de luz numa questão de suma importância para a minha vida.

Por fim, amigo internauta, você é um daqueles que já viveu alguma história parecida com a minha?