Olá, internauta!
Nesta postagem vou narrar para você um pouco sobre o que foi o Sarau da Virada, cuja edição foi o Sarau da Superação, na passagem de 2017 para 2018. As fotos foram batidas por este que vos escreve.
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A piscina da chácara |
Conforme já explicado em postagens anteriores, nesta edição do Sarau também aconteceria o recolhimento das listas de desejos para 2018.
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Talvez a parte do menu que poderia se aproximar de algo vegano |
Durante as minhas abordagens identifiquei um grupo que eu posso chamá-lo de crentes, já haviam feito a sua lista. Eles me perturbavam para saber o que fazer com elas.
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A mesa básica da ceia |
Por outro lado, o segundo grupo composto pelos desconfiados, por talvez sentirem algum medo de "pagarem mico" ao aderirem à ideia. O último era o grupo resistentes e convictos de que não moveram e realmente, não moveram uma palha sequer para participar daquela atividade.
Contudo, no início da noite da véspera aconteceu um movimento espiritual maluco. De súbito vi muitos indivíduos elaborando as suas listas tal qual aqueles alunos que descobrem que necessitam de meio ponto para passar de ano. Esta atividade foi tutorada pela minha prima materna e paulistana, a Margô. Após ao evento ela me confessou que em um certo momento ela até ficou com a garganta seca de tanto que conversou com o nosso pessoal.
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Pessoal engajado na elaboração das respectivas listas de desejo |
Outra surpresa positiva foi a participação espontânea das crianças na elaboração de suas listas. Digo surpresa, pois em nenhum momento pensei nelas durante a elaboração das atividades que seriam desenvolvidas tanto antes quanto ao longo do evento.
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A Virada propriamente dita |
Aliás, isto foi talvez um grande erro meu e desconfio que fui obrigado a assistir uma aula magna. Vale destacar que os pequenos deram um banho tanto de assertividade quanto de criatividade. Afinal, eles nem se importaram em saber se aquilo era ou não uma atividade exclusiva dos adultos. O meu erro foi por eu ainda ter agido e sentido como vi a atitude dos adultos para comigo na minha infância. Ou seja, a minha opinião não possuía valor para os eles, porém neste dia ficou muito claro que também conservo está arrogância ou soberba em relação às crianças.
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Material de Trabalho, a Cápsula do Tempo e Caderno de Impressões
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Desconfio que essa reação começou lá no I Sarau da Superação e passou despercebido. Durante o evento fui surpreendido por uma das minhas sobrinhas que escolheu um dos poemas que eu havia escolhido. Quando comentei esse fato com o meu irmão e pai dela, sobre a ousadia da menina ele me respondeu: ela havia escolhido um poema pequeno para ler.
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Vista externa de um dos momentos do Sarau da Virada
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Contudo, tenho pensado muito sobre este fato é cheguei à seguinte hipótese: na verdade as crianças haviam indiretamente encenado uma teoria freudiana. Ainda que esta vivência também havia me trazido um alerta tanto para a minha espiritualidade quanto para os meus projetos que quando pode não apoia ou incentiva a participação de gente miúda.
Em poucas palavras, a teoria freudiana explica a raiz de algumas neuroses em adultos que começa na infância. Quando criança cada um tem o seu inconsciente. Mas, a medida que crescemos um outro inconsciente definitivo se forma sobre o primeiro.
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Minha tia materna, a Inês recitando um poema |
Dessa forma, num adulto saudável ambas as estruturas funcionarão em harmonia pelo resto da vida. Do contrário, muitos adultos poderão ter sonhos em que eles vivenciarão as pulsões, sentimentos e emoções que a criança percebeu como proibidas tanto pela sociedade.
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Ana, uma prima materna piracicabana que conheci pela primeira vez nesta Virada de Ano |
Sou o primeiro membro tanto do lado paterno quanto paterno que chega aos bancos de uma universidade pública após a Abolição da Escravatura. E após anos de observação empírica e acadêmica cheguei a uma curiosa constatação: de que tanto eu quanto os demais integrantes da minha família não só havíamos herdado a violência sofrida pelos escravos, mas também somos perpetuadores deste sistema ultrapassado e cruel.
O que este Sarau demonstrou que desrespeitei às crianças. Ou seja, da minha "Altoridade" não fui capaz de imaginar que algumas das crianças poderiam se interessar em fazer a sua lista de desejos. E eu realmente não havia pensado em como chegará até ela para orientá-la.
Também me recordei que em algumas edições passadas eu havia trabalhado vários anos a minha primeira geração de sobrinhos. Só que esta nova eu não havia trabalhado com ela.
Então, num bate-papo com uma amiga sobre estes acontecimentos ela me alertou para o fato de que a mensagem principal seja: retome o foco nas crianças nos próximos eventos. Talvez sejam elas as verdadeiras promotoras da mudança. Ainda que estou dando, posso fazer o contrário que desejo: estender a Escravidão que tanto denuncio.
Vale destacar outro detalhe foi a conversa travada rapidamente entre dois dos meus irmãos na antevéspera quando um deles havia perguntado para o outro paradeiro de algumas pessoas. O outro respondeu que elas estavam ensaiando num canto para o Sarau. Em minha mente eu imaginei que eles estavam se referindo dos seus filhos adolescentes e não nas crianças.
Essas conclusões sobre a atitude das crianças reais me remeteram aquele velho poema do poeta Mário Quintana que diz que o livro não muda o mundo. Ele muda as pessoas e são elas mudarão o mundo. Ou seja, se eu quero realmente promover uma mudança de comportamento e atitudes na minha família, tenho que investir nos pequenos. Talvez eu mesmo seja beneficiado com esta iniciativa.
Por último, entendi como a minha criança interior pode ter trabalhado de forma "autônoma" até é então. E se esteve nesta velocidade dos meus sobrinhos, meu Deus! Enfim, cabe a mim estabelecer uma relação mais amorosa com ela para sermos o que deveria sempre ter sido: verdadeiros"parcas".
Comentários postados diretamente no blog são imensamente bem-vindos. Afinal, escrevo aqui para permitir uma interação construtiva entre os meus leitores.
Até qualquer momento!
Carlos