Olá, amigo (a) internauta!
Abaixo segue um texto de minha autoria inspirado no livro Vento que arrasa da escritora argentina Selva Almada. Eu já havia lido na minha Jornada Literária Argentina em 2016. E coincidentemente esta foi a obra do mês de fevereiro de 2017 do grupo Tertuliadores.
Este texto mescla ficção e realidade. Espero gostem deste "caldo". As fotos ilustrativas são minhas e fiz um mix de edições do evento narrado e de outros momentos que bati no sítio onde cresci. Boa leitura e fique à vontade para comentar.
O cenário é o velho quintal que por duas décadas corri protegido pelas sombras desta paineira centenária. Uma inquietude me acompanhou pela noite toda, pois não me desliguei de um único assunto: a festa junina no dia seguinte.
Mas, antes de me empenhar tomarei uma boa xícara de café preto. Daqui a pouco alguns velhos amigos aparecerão para dar aquela força. Esta festa tem permitido o exercício do velho costume caipira de apoiar o vizinho.
A manhã, surge diante de mim um pouco fria, porém, intimamente, algo me diz que teremos uma noite agradável. Se bem que isso passa a ser relativo quando se está no interior de um país tropical como o nosso. Mas, seja o friozinho que chegasse seria recebido com quentão que minha mãe faz.
Até ontem eu era o jovem, mas a voz de um sobrinho me cumprimentando me avisa da mudança de status. Engraçado, o fato é que quando somos jovens não estava preocupado com essa mudança de estágio.
Sempre tive esta festa com uma oportunidade de ouro para haja a interação geracional. E também estou me reconectando com a terra e com os meus costumes. E eles seguem comigo apesar de toda modernidade.
A movimentação de entre e sai não para um minuto sequer. Em geral, minha mãe deixa a pessoa a vontade para fazer o que ele se prontificou a fazer sem dar opinião.
O almoço tem que ser rápido, as garfadas aconteceram, mas mastigar a comida... é outra história. É sempre assim, aparece alguém lamuriando que tem algo importante que ainda não foi feito. Ou que alguém disse que trará alguma coisa para contribuir para a festa.
No começo da noite o silêncio mascarava o estresse de cada um. Havia dado o início da fase em que um quer disputar com o outro a liderança de alguma coisa. Mas, sei que é por detrás disso está o cansaço, a ansiedade, a impotência sobre coisas que não controlamos.
Mas, houve uma vez que o imponderável se apresentou antes do início da festa. E esta foi uma das edições mais marcantes desta festa não só para mim mas também para os meus familiares e amigos que estavam aqui nos auxiliando.
De repente, aquele céu azul caipira foi enfeitado por escuras bandeirolas por São Pedro. Depois que o céu ficou decorado de nuvens escuras chegou o vento com a sua música para lá de animada levando pós, gravetos e outros materiais para formar a sua quadrilha.
Em questão de minutos aquela dupla meteorológica pôs abaixo a cobertura com lona plástico que nos exigiu horas de trabalho. Nesse momento você fica impotente, não como lutar contra aquele vento arrasador.
Quando a fúria e a festa foram embora tanto eu quanto meus familiares ficamos boquiabertos com aquela atmosférica. Em segredo algo me dizia que aquilo tinha um toque espiritual. De repente, todo aquele clima festivo e ansiogênico havia ficado cinza.
Confesso que pensei em "chutar o pau da barraca" literalmente, pois não demoraria para que os convidados começassem a chegar. Mas, senti uma reação vinda não sei da onde e ela me dizia que tínhamos que reagir.
A começar pela reconstrução da cobertura de lona que havia desabado em tempo recorde. Quanto ao chão batido me lembrei de que por perto havia uma serraria. Então, conversei com um dos meus irmãos para ele conseguiria lá pó de serra para espalhá-la no chão.
Enquanto eu e os demais ficamos se concentrados na reconstrução do rancho. O pó de serra se mostrou uma excelente tapete. Finda a reconstrução do abrigo anexo fiquei com a impressão que agora ele havia ficado ainda mais aconchegante do que o anterior.
A festa aconteceu como se nada de mais grave houvesse acontecido minutos antes. Suspeito de que aquilo acabou injetando um pouco de adrenalina naquela festa. E até agora é a edição mais marcante durante quase duas décadas.
Este texto mescla ficção e realidade. Espero gostem deste "caldo". As fotos ilustrativas são minhas e fiz um mix de edições do evento narrado e de outros momentos que bati no sítio onde cresci. Boa leitura e fique à vontade para comentar.
O vento que (quase) arrasou uma festa junina.
O cenário é o velho quintal que por duas décadas corri protegido pelas sombras desta paineira centenária. Uma inquietude me acompanhou pela noite toda, pois não me desliguei de um único assunto: a festa junina no dia seguinte.
Mas, antes de me empenhar tomarei uma boa xícara de café preto. Daqui a pouco alguns velhos amigos aparecerão para dar aquela força. Esta festa tem permitido o exercício do velho costume caipira de apoiar o vizinho.
A manhã, surge diante de mim um pouco fria, porém, intimamente, algo me diz que teremos uma noite agradável. Se bem que isso passa a ser relativo quando se está no interior de um país tropical como o nosso. Mas, seja o friozinho que chegasse seria recebido com quentão que minha mãe faz.
Até ontem eu era o jovem, mas a voz de um sobrinho me cumprimentando me avisa da mudança de status. Engraçado, o fato é que quando somos jovens não estava preocupado com essa mudança de estágio.
Sempre tive esta festa com uma oportunidade de ouro para haja a interação geracional. E também estou me reconectando com a terra e com os meus costumes. E eles seguem comigo apesar de toda modernidade.
A movimentação de entre e sai não para um minuto sequer. Em geral, minha mãe deixa a pessoa a vontade para fazer o que ele se prontificou a fazer sem dar opinião.
O almoço tem que ser rápido, as garfadas aconteceram, mas mastigar a comida... é outra história. É sempre assim, aparece alguém lamuriando que tem algo importante que ainda não foi feito. Ou que alguém disse que trará alguma coisa para contribuir para a festa.
Mas, houve uma vez que o imponderável se apresentou antes do início da festa. E esta foi uma das edições mais marcantes desta festa não só para mim mas também para os meus familiares e amigos que estavam aqui nos auxiliando.
De repente, aquele céu azul caipira foi enfeitado por escuras bandeirolas por São Pedro. Depois que o céu ficou decorado de nuvens escuras chegou o vento com a sua música para lá de animada levando pós, gravetos e outros materiais para formar a sua quadrilha.
Em questão de minutos aquela dupla meteorológica pôs abaixo a cobertura com lona plástico que nos exigiu horas de trabalho. Nesse momento você fica impotente, não como lutar contra aquele vento arrasador.
Quando a fúria e a festa foram embora tanto eu quanto meus familiares ficamos boquiabertos com aquela atmosférica. Em segredo algo me dizia que aquilo tinha um toque espiritual. De repente, todo aquele clima festivo e ansiogênico havia ficado cinza.
Confesso que pensei em "chutar o pau da barraca" literalmente, pois não demoraria para que os convidados começassem a chegar. Mas, senti uma reação vinda não sei da onde e ela me dizia que tínhamos que reagir.
A começar pela reconstrução da cobertura de lona que havia desabado em tempo recorde. Quanto ao chão batido me lembrei de que por perto havia uma serraria. Então, conversei com um dos meus irmãos para ele conseguiria lá pó de serra para espalhá-la no chão.
Enquanto eu e os demais ficamos se concentrados na reconstrução do rancho. O pó de serra se mostrou uma excelente tapete. Finda a reconstrução do abrigo anexo fiquei com a impressão que agora ele havia ficado ainda mais aconchegante do que o anterior.
A festa aconteceu como se nada de mais grave houvesse acontecido minutos antes. Suspeito de que aquilo acabou injetando um pouco de adrenalina naquela festa. E até agora é a edição mais marcante durante quase duas décadas.